Simone

Colocamos o pé na estrada no dia 11 de maio, bem cedo, com nosso carrinho alugado. Havíamos chegado na noite do dia anterior. Não viaje sem um mapa, disponível no centro de informações ou em qualquer agência de turismo.
 
Estrada entre Calama e San PedroEstrada para o vilarejo de Toconao

A estrada é excelente, assim como a sinalização, e a paisagem no Salar do Atacama é um convite para fotografar. A região desértica é presenteada com montanhas, vulcões, lagoas e salares. O vulcão Licancabur (já extinto), a oeste da cidade, sempre imponente nos seus 5.916 m de altura, pode ser visto de qualquer lugar. Na cratera do vulcão, há uma lagoa de águas esverdeadas, onde em tempos pré-colombianos, era um local de sacrifício de fetos de animais, prática proibida posteriormente pelos espanhóis.
 
Lagoa Chaxa e o Vulcão LascarBlocos de sal, no Salar do Atacama

Partimos, primeiramente, para a Lagoa Chaxa, localizada na Reserva Nacional Los Flamencos, como grande parte das demais atrações. Criada em 1990, possui uma área total de 74 mil hectares. No local, é proibido acampar; não há acomodações ou restaurantes. Portanto, leve água e lanche para o passeio.
 
Blocos de sal, na Lagoa Chaxa
Para chegar à lagoa, com blocos de sal (há também pequenas lagoas com sal em formação), e habitat de aves típicas desse meio ambiente, em sua maioria os flamengos ou flamingos, temos que passar pelo vilarejo de Toconao, com 550 habitantes, a 38 km ao sul de San Pedro de Atacama. Funciona de outubro a abril, das 8h30 às 20h30, fechando mais cedo de maio a setembro: às 18h30. Entrada a 3.000 pesos ou 7 dólares.
 
O vilarejo de ruas estreitas e de casas de adobe tem como principal atração a igreja e sua torre branca com um sino (essa separada da igreja e datada de 1750).
 
Torre da Igreja, em ToconaoAo fundo da lagoa, está o Lascar Volcano (vulcão Lascar), vulcão ativo com 5.592 m de altura. A sua última erupção aconteceu em 18 de abril de 2006 e há uma fumaça que sai constantemente de sua cratera gigantesca, com 750 metros de diâmetro e 300 metros de profundidade, e pode ser vista de San Pedro do Atacama. Para escalá-lo, é preciso uma aclimatação prévia, autorização das autoridades chilenas, equipamento próprio, como máscara contra gases e, claro, um guia especializado.
 
 
 
Entrada para as lagoas Miscanti e Miñiques Miscanti e Miñiques, localizadas a 4.000 metros

Continuamos a viagem seguindo para as Lagoas Miscanti e Miñiques, passando por Socaire, povoado a 82 km de San Pedro, de origem pré-hispânica que se destaca por seu tradicional cultivo em terraços agrícolas e casas típicas do estilo atacamenho: paredes de pedra e teto de barro e madeira. Há um albergue, mercadinhos (almacéns) e 2 restaurantes pequenos (um ao lado do outro) na rua principal, com comida caseira (sopa de entrada, um prato principal e suco). Pode-se parar num deles, fazer o pedido e marcar um horário para o almoço, quando regressar das lagoas. Na pracinha da cidade, há uma igreja de adobe.
 
Até as lagoas, são mais 28 km, ou seja, a distância de lá até San Pedro é de 110 km. Mas parando e tirando fotos, admirando o visual, nem se percebe o tempo passar. As lagoas merecem cada trecho percorrido, cada minuto do nosso tempo, são imperdíveis.
 
Prainha nas lagoas Miscanti e MiñiquesMiscanti e Miñiques

Miscanti e Miñiques, localizadas a 4.000 metros, são uma das maiores beldades do deserto. De águas bastante azuladas, são rodeadas por vulcões nevados, vegetação rasteira amarelada/esverdeada que embeleza a paisagem e habitadas por aves andinas. Separadas por uma pequena faixa de terra, cada uma possui área plana de areia formando uma prainha. Com sorte, pode-se ainda ver algumas vicunãs, animais típicos da região. No inverno, a temperatura pode chegar aos – 30ºC, congelando a superfície das lagoas.
 
As lagoas podem ser visitadas no verão, das 9h às 19h; e no inverno, das 9h às 18h. Entrada a 2.500 pesos ou 5,50 dólares para adultos e 1.500 ou 3,30 dólares para estudantes.
 
Concentração de sal, na Laguna CejarLaguna Cejar, a 15 km de San PEdro

Dali, partimos para a Laguna Cejar, já regressando a San Pedro. A 15 km ao sul de San Pedro de Atacama, tem grande concentração de sal, tanto que o corpo não afunda ao entrar na água. Já nas margens, notam-se os cristais de sal. Há outra lagoa no local: Piedra. A vegetação amarelada lembra uma palha fina, como uma plantação de trigo e, na fauna, encontramos flamencos, patos e raposas.
 
Vegetação rasteiraVegetação típica, no desertoVulcões nevados e vegetação rasteira

Apesar de próxima ao vilarejo de San Pedro, pode ser descartada se seu tempo for curto. Não é bela, como as lagoas Miscanti e Miñiques que tem ao seu redor um cenário incrível.
 
Valle de la Muerte Valle de la Muerte, na Cordillera de la Sal

No dia seguinte, dia 12, acordamos cedo, tomamos nosso café servido no quarto e partimos para o Valle de la Muerte, na Cordillera de la Sal, com uma extensão de 2 km de extensão onde se pratica sand-board nas dunas. É o local mais próximo a San Pedro, tanto que tem gente que vai de bicicleta. A 1 km da saída da cidade (sentido Calama), há uma placa indicando “Cordillera de la Sal”, entre à direita numa pista de terra. Esse vale é o único lugar em que o acesso de carro comum é mais difícil, por haver um trecho com muita areia, correndo o risco do carro ficar atolado. Nesse caso, um 4 X 4 é mais apropriado. O vale tem formações rochosas de cor avermelhada que contrastam com o céu extremamente azul. As rochas são resultado de um intenso processo de erosão e são compostas de cascalho, argila, sal, gemas e quartzo, formadas há aproximadamente um milhão de anos.
 
Pukará de Quitor 2Pukará de Quitor
Nesse mesmo local, numa estrada paralela de terra, está o sítio arqueológico Pukará de Quitor, proclamado Monumento Nacional em 1982. Pukara significa fortaleza, em cunza ou Lincan Antai, a linguagem atacamenha. As ruínas, datadas de 900 a.C., são de um assentamento do povo atacamenho, que serviram de proteção dos ataques incas por volta de 1.450 d.C, e dos ataques dos colonizadores espanhóis em 1535 d.C. Foi erguida no alto de um morro na Cordillera de la Sal. São cerca de 200 estruturas separadas por vias de acesso, que seriam casas, praças, currais e espaços de uso comum. Não estão muito preservadas, mas dá para imaginar a distribuição das edificações. Entrada a 2.000 pesos (ou 4,30 dólares) para adultos e 1.500 (3,25 dólares) para estudantes. Aberto das 8h30 às 19h.
 
Vale da Lua - terra e areia avermelhadasVale da Lua 3Valle de la Luna (Vale da Lua)

A 12 km adiante, à esquerda (sentido San Pedro-Calama), está o atrativo mais famoso da região: Valle de la Luna (Vale da Lua), uma extensão de terra e areia avermelhadas com formações rochosas singulares, como as Três Marias (um rochedo de três pontas), e outras vistas impactantes. As rochas são gigantes e muito altas, tem-se a impressão de estar em outro planeta. No solo, pode-se notar cristais de sal branco. O pôr-do-sol ali é especial, com tons amarelo, laranja, vermelho e rosa, bastante fortes, enfeitando o céu azul. O acesso ao vale custa 3.000 pesos ou 6,50 dólares, e todo o percurso dentro dele pode ser feito de carro, respeitando os limites que separam a pista das áreas demarcadas com pedras. O sol é forte. Leve água e boné. À noite, uma lanterna pode ser útil, pois a estrada estará muito escura. É proibido acampar.
 
Aldea de TulorDe lá, partimos para a Aldea de Tulor, o vestígio habitacional mais antigo do Atacama. Bem perto do Valle de la Luna, a sudeste, é um conjunto arquitetônico de recintos circulares, habitado entre 800 a.C e 200 d.C, cujos habitantes dedicavam-se à agricultura e a práticas como a cerâmica. Com 1 km de extensão, essas habitações estão hoje a 1 metro abaixo do solo, o que só nos permite ver pequenos círculos e tentar imaginar como era a construção e a distribuição das edificações. A entrada é cara (4.500 pesos ou 9,70 dólares) e não vale a pena.
 
 
Geyser del Tatio
O campo geotérmico conhecido como "Geyser del Tatio" está localizado a 90 km ao norte de San Pedro de Atacama, aproximadamente a 4.320 metros de altitude. No caminho desértico, vulcões, vegetação rasteira e cactus, e espécies animais típicas como vicuñas, guanacos e llhamas.
 
As imponentes "fumarolas" emergem na superfície por meio de fissuras nas camadas do solo de lava vulcânica. Alcançam uma temperatura de 85ºC e sobem a até 10 metros de altura. Este impressionante espetáculo pode ser apreciado em sua máxima atividade nas primeiras horas da manhã, entre 6 e 7 horas, com temperatura sempre abaixo de zero (IMPORTANTE: não esquecer casaco, luva, cachecol). Depois, sua atividade vai diminuindo, cessando totalmente em torno das 10 horas. Toda a área ao redor dos gêiseres é bela: pequenas piscinas naturais de água transparente e esverdeada.
 
Perto dali está Machuca, um pequeno povoado de pastores de llamas. Suas casas são de adobe e tetos de palha. O povoado só não foi extinto devido ao incentivo do governo para as famílias retornarem. Todas as casas possuem placas de energia solar, o que bastante apropriado num local onde raramente chove.
 
As agências de turismo cobram 20.000 pesos ou 43 dólares por pessoa nesse tour, que dura 8 horas. Mas é necessário madrugar. Os turistas são pegos em seus hotéis às 4h30.
 
 
Salar de Talar
Nós vimos as fotos desse lugar nas agências de turismo e ficamos surpresos com tamanha beleza. Beleza, aliás, bem superior ao do famoso e mais visitado Valle de la Luna.
 
O passeio dura um dia inteiro (a 125 km de San Pedro de Atacama) e é aconselhável ir com guia e em carro 4 X 4. Infelizmente, descobrimos essa maravilha no nosso último dia de estadia em San Pedro. Ficamos por 4 dias. Ou seja, teremos que voltar.
 
Alguns tours que seguem para as lagoas Miscanti e Miñiques incluem o salar, nem tão visitado. 
 
O Salar de Talar é uma das mais belas paisagens do altiplano chileno. Possui 46 km² e é cercado por uma cadeia de vulcões. Imensas lagoas de água azul-piscina se abrem em meio ao sal, dando um colorido muito especial ao visual. É delimitado ao leste pelo Cerro Medano, uma montanha com grande quantidade de enxofre que lhe dá um tom de cinza amarronzado, formando um belo contraste com a imensidão branca que é o salar. No local, o frio é intenso e o vento, forte. 
 
O Chile é mesmo abençoado por ter o Deserto do Atacama em suas terras. Um lugar para descansar, desbravar e voltar. É tão belo, diferente e marcante, que torna-se impossível registrar tudo em fotos.
 
Saímos de lá no dia 13 de maio. Percorremos os 99 km até o aeroporto de Calama, onde entregamos o carro alugado. Há translados até o aeroporto, oferecidos pelas agências. Sai a 11.250 pesos ou 24 dólares por pessoa, das 7h às 20h59; e 14.400 pesos ou 31 dólares das 21h às 6h59.
 
Nosso voo para Bogotá, na Colômbia, com escala em Santiago e Lima (Peru), partia às 10h20. Chegamos à capital colombiana às 23h.

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