Simone

Montalcino é um dos maiores municípios da Itália central e Patrimônio Mundial da Humanidade da UNESCO. É lá que se produz o famoso vinho tinto Brunello, feito somente com a uva Sangiovese e classificado como DOCG (Denominação de origem controlada e garantida). O Brunello di Montalcino pode ser considerado, junto com os Barolos (produzido no noroeste da Itália, Província de Cuneo), o vinho tinto italiano dotado de maior longevidade, além de ser o primeiro vinho italiano a receber a certificação DOCG.

Logo, a região é autêntica da Toscana, repleta de vinhedos, vinícolas e adegas, além da arquitetura bem conservada de seus prédios medievais e de suas ruelas de pedra. É uma das cidades mais charmosas que visitamos e, se tiver tempo, passe ao menos uma noite lá.

O primeiro registro da existência de Montalcino data de 715 d.C., num documento assinado por Longobard Rei Liutprand que trata sobre a disputa entre os bispos de Arezzo e Siena sobre a posse de algumas igrejas na localidade. Entretanto, outro documento de 814 d.C. indica a doação do território de Montalcino para a Abbazia di Sant’Antimo, que está a 10 km da cidade.

O caminho até lá é bem sinalizado, o que facilita o acesso. O antigo monastério Beneditino foi construído em arquitetura românica medieval no século XII, sobre as ruínas de uma igreja que Carlos Magno teria fundado no século VIII. Duas esculturas de leões, uma de cada lado, guardam a entrada principal. Toda em mármore travertino (pedra natural de cor bege claro), tem 44 m de comprimento e 20 m de altura. No altar, um crucifixo de madeira da segunda metade do século XII. No exterior, à esquerda, uma torre com 30 metros de altura que abriga dois sinos do século XIII. Uma atração da igreja é ouvir canto gregoriano cantado pelos monges, diariamente, às 17h. A abadia é bonita, mas não imperdível.

Em beleza, ganham as muralhas da Fortezza di Montalcino (extremamente conservadas), erguidas em 1361 no ponto mais elevado da cidade. A fortaleza incorpora a Fortaleza de Santo Martini, a Torre de San Giovanni e uma antiga basílica, que agora serve como capela do castelo.

No térreo da fortaleza está a “Enoteca La Fortezza”, uma enoteca com boa carta de vinhos para degustação (porém, caros). Lá é possível comprar o tíquete para visitar o interior da fortaleza (€ 4).

O edifício religioso mais importante é a “Concattedrale del Santissimo Salvatore”, conhecido apenas como Duomo di Montalcino, erguido em estilo romano-gótico no século XIV em homenagem a São Salvador. Foi demolido e reconstruído em estilo neoclássico entre 1818-1832. A fachada de mármore tem um pórtico formado por seis colunas com capitéis jônicos e entablamento, como os templos gregos. No interior, afrescos de pintores da escola de Siena dos séculos XV-XVII.

A praça principal é a Piazza del Popolo, onde está localizado o Palazzo dei Priori com sua Torre dell’Orologio, construído em 1292 e sede da Câmara Municipal. Ao lado, está La Loggia, uma construção em estilo renascentista do século 14, famosa pela sua formação em estilo renascentista com seis arcos.

Perto da fortaleza está a Chiesa di Sant'Agostino(século XIII). O prédio ao lado da igreja já foi um convento; hoje é a sede do “Musei Riuniti”, complexo de museus que reúne coleções de arte arqueológica do período Neolítico, idade de bronze e ferro, bem como urnas funerárias e outros objetos das civilizações romanas e etruscas, além de pinturas e esculturas de Arte Sacra feitas de madeira e terracota dos séculos XII-XVI.

A Chiesa della Madonna del Soccorso, do século XVII, tem uma magnífica fachada neoclássica em mármore travertino e interior em estilo barroco com uma série de pinturas e esculturas de madeira. A última igreja que visitamos é a pequena Chiesa di Sant'Egidio, construída em 1325, com uma fachada românica simples em pedra. Era a igreja oficial da República de Siena em Montalcino, o que justifica o brasão de Siena no topo da fachada principal. O interior em estilo romano-gótico tem uma só nave, com pilares de pedra em formato de arco alternando com grandes vigas de sustentação do telhado e afrescos do século XIV.

Montalcino fica a 40 km de Siena. De ônibus, a viagem leva cerca de 1 hora (ônibus 113 da Train SPA – http://www.trainspa.it/), com ponto final na Estação Viale Roma.

Mas nossa surpresa mesmo foi conhecer algumas cidades etruscas, dentre elas, Sorano, na província de Grosseto, com apenas 3.900 habitantes. Está muito conservada, mas estranhamente abandonada. Entre as muralhas de uma extensa fortificação (na parte antiga da cidade), casas de pedras e janelas pesadas de madeira com detalhes em ferro e ornamentadas com vasinhos de flores que parecem vazias. Em algumas há inscrições de datas da construção (do século XVI) ou nomes de pessoas falecidas que combateram pela independência da Itália.

A entrada é pela Via del Merli e caminhamos até chegar ao terraço panorâmico. Nas ruelas estreitas e de pedras que parecem labirintos, só há gatos praticamente. Encontramos um único restaurante aberto e nenhum morador (exceto alguns sinais de existência, como roupa no varal e garrafas de água na porta de casa); só mesmo meia dúzia de turistas. Os destaques do seu centro histórico são as construções do século XVI: Chiesa di San Nicola da Bari, Porta dei Merli, Fortezza Orsini, Chiesina del Borgo (esta igrejinha é do século XVII) e Palazzo Comitale. Do alto da cidade, tem-se uma vista do Valle del Lente.

A entrada é pela Via del Merli e caminhamos até chegar ao terraço panorâmico. Nas ruelas estreitas e de pedras que parecem labirintos, só há gatos praticamente. Encontramos um único restaurante aberto e nenhum morador (exceto alguns sinais de existência, como roupa no varal e garrafas de água na porta de casa); só mesmo meia dúzia de turistas. Os destaques do seu centro histórico são as construções do século XVI: Chiesa di San Nicola da Bari, Porta dei Merli, Fortezza Orsini, Chiesina del Borgo (esta igrejinha é do século XVII) e Palazzo Comitale. Do alto da cidade, tem-se uma vista do Valle del Lente.

Alguns quilômetros à frente, outra surpresa: Pitigliano (região de Maremma), com aproximadamente 4.200 habitantes. Igualmente bela, porém mais movimentada e com uma estrutura hoteleira (ainda que pequena; foi difícil encontrar hospedagem) e gastronômica. Ficamos no Albergo Guastini (de frente para a fortaleza), depois de insistirmos com a proprietária que arranjou um colchão extra para nos acomodarmos (afinal, seria só uma noite). No térreo, há um restaurante.

O cenário é de uma grande fortaleza esculpida numa colina de pedras (mais precisamente, no tufo, que é a rocha da região). Parte de sua muralha é ornamentada com grandes arcos de um aqueduto do século XVI. As casas parecem se misturar às pedras como em uma só construção gigantesca, todas de arquitetura medieval.  A iluminação à noite deixa a cidade ainda mais bela.

Entrando nessa citadela e percorrendo-se suas ruelas, nos deparamos com um de seus pontos turísticos mais visitados, o Palazzo Orsini Museum, cujo palácio pertenceu à família Orsini. Começou a ser construído no século XII pelo conde Aldobrandeschi de Sovana e, desde então, passou por uma série de ampliações e reformas. São 18 salas com joias, livros antigos e ainda escritos à mão, muitos afrescos, objetos de tortura do passado e uma incrível vista panorâmica da cidade.

A outra atração é Cattedrale dei Santi Pietro e Paolo (ou Duomo di Pitigliano), datada do século XIII (não há certeza da data de sua construção). A fachada é dividida em quatro colunas com uma base quadrada e com estátuas dos santos Pedro e Paulo.  O curioso é sua torre, um raro exemplo de torre construída para fins militares, reutilizada, posteriormente, para fins religiosos.

Uma curiosidade: entre as ruas Zuccarelli e Marghera fica a entrada do antigo bairro hebreu de Pitigliano e sua sinagoga, do século XVII. A cidade recebeu o apelido de "Pequena Jerusalém" por ter abrigado um grupo de judeus refugiados da perseguição católica. Hoje restam ali poucos descendentes.

A 8 km está de Sorano e a 6 km de Pitigliano está a cidade de Sovana. Na verdade, uma pequenina aldeia da era etrusca que ainda hoje sobrevive com seus 100 habitantes. Tem uma rua só, que começa no portão de uma antiga roca e termina no Duomo (Catedral). 

Seu ponto central fica em torno da Piazza del Pretorio onde está a igreja de Santa Maria e alguns restaurantes de aparência simples e simpática. Dessas três cidades da chamada "Baixa Toscana", ela é a mais encantadora e a mais bem cuidada. Suas casas antigas são enfeitadas com flores e as ruas rústicas de chão de pedra convidam a uma caminhada. Em frente ao Duomo há o Hotel & Resort Sovana (4 estrelas) cercado por um enorme parque.

Alguns dos mais interessantes túmulos etruscos da região ficam nos seus arredores. Muitos têm fácil acesso a partir da aldeia. Um túnel de 8 km de extensão, da era etrusca, faz uma ligação subterrânea entre Sovana e Pitigliano. Há duas hipóteses para justificar a presença desses túneis: rota de fuga ou rota sagrada.

Essa região (que inclui Sorano, Pitigliano e Sovana), chamada de Baixa Toscana, foi o local onde os etruscos – vindos do oriente – escolheram para se estabelecer na Itália. Eles chegaram inicialmente no litoral e depois foram indo para o interior, atravessando montes e lagos. Essa expansão ocorreu por volta do século IX a.C. No século VI reis etruscos ainda dominavam Roma, mas depois foram derrotados.

Todas essas cidades ficam um pouco fora do circuito tradicional Florença-Siena-Pisa.

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